O
Secretário de Educação Felipe Camarão escreveu artigo sobre “escolas e gaiolas”
A pedagoga Sônia
Pereira, do Centro de Ensino Ney Braga (Anexo II) – entregue recentemente pelo
governo Flávio Dino, em Barão de Grajaú – comparou a Escola Digna a um espaço
de convergência com várias visões de mundo diferentes. “Nosso novo espaço tem tudo a ver
com o que disse nosso colega Paulo Freire, que a escola seria visões de mundo e
aqui teremos um espaço digno com visões de todos, dos pais, dos professores e
dos estudantes da zona rural que receberemos em nossa escola”, realçou.
A professora Sônia tem
toda razão, pois a escola tem um poder revolucionário de reunir e, ao mesmo
tempo, trazer ao estudante meios para que possa protagonizar seu futuro em uma
sociedade que carece de tantos saberes. Mas de que forma a escola pode deixar
prevalecer a dimensão humana, em detrimento de todas as outras “obrigações”
formais ou, tradicionalmente, praticadas há décadas e mais décadas?
Em uma de suas
admiráveis crônicas, publicada na Folha de São Paulo, em 2001, Rubem Alves fez
uma analogia da escola a gaiolas e asas: “Escolas que são gaiolas existem para que os
pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob
controle. […] Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas
amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar”.
O aforismo de Rubem,
como ele mesmo denominou o pensamento que o inspirara nessa crônica, fez-me
aflorar algumas reflexões, tanto do ponto de vista físico das escolas, quanto
no campo pedagógico.
Quando o governador
Flávio Dino me convidou para assumir a pasta da educação, a primeira missão que
me conferiu foi a de visitar todas as escolas do Maranhão; já estive em quase
todas; faltam apenas “algumas”
(risos). O desafio deste governo é oportunizar educação digna, no Maranhão,
como o governador sempre faz questão de deixar claro: “melhorando a
infraestrutura, melhoramos as condições para a aprendizagem, nossa maior
preocupação.”
Muito já foi feito com
centenas de reformas, revitalizações, construções, qualificação de espaços que
não existiam, os quais: áreas de vivências, quadras poliesportivas,
laboratórios, bibliotecas, refeitórios, banheiros adequados, vestiários e
tantos outros necessários “para dar aos pássaros [estudantes] coragem
para voar”.
Por outro lado, como
sublinha Rubem Alves, “ensinar o vôo, isso elas não podem fazer [escolas asas],
porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode
ser encorajado”. E essa é a mesma concepção do Escola Digna, que tem, entre os
princípios norteadores, o protagonismo juvenil, cujo eixo central é o
desenvolvimento da autonomia, nos múltiplos espaços da escola e que ultrapassa
os muros indo para outros espaços de referência, como organizações sociais,
etc. O jovem precisa ser estimulado a envolver-se em diversas ações que exijam
múltiplas capacidades para atuar de forma dinâmica e criativa.
Todos os investimentos
do governo em educação implicam cuidar do futuro do Maranhão, daqueles que
ocuparão os mais diversos cargos na política, por exemplo, assim como nos demais
campos imprescindíveis a qualquer sociedade moderna. Como salienta Leonardo
Boff: “o que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que
um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção.
Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de
envolvimento afetivo com o outro.”
Hoje, todas formações
realizadas com os professores e demais profissionais da rede têm como alicerce
o encorajamento, a motivação para que, a partir do currículo, trabalhem
práticas e vivências que preparem os adolescentes e jovens para a vida, para o
mundo do trabalho e para a construção de valores éticos, morais, de cidadania e
de responsabilidade social.
Se cada um dedicar-se
com afinco, cumprindo seu papel, seja de gestor, professor, supervisor, técnico
escolar, com efeito, deixaremos uma herança perene para muitas gerações de
maranhenses, como tão bem definiu Paulo Freire: “O educador se eterniza em cada
ser que educa.”
Felipe
Costa Camarão
Professor
Secretário
de Estado da Educação
Membro
da Academia Ludovicense de Letras e Sócio do Instituto Histórico e Geográfico
do Maranhão
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