quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
Próximo
de completar 155 anos, Mercado Central de São Luís pode desmoronar a qualquer
momento
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Foto: Biné Morais - Placa no Mercado Central indica um "Novo Ambiente" |
Piso danificado,
infiltrações, fiação exposta e sujeira são alguns dos principais problemas
apontados por quem frequenta o Mercado Central da capital que, desde que foi
reentregue à população em 1941 – após ser demolido em 1939 por meio de um
programa sanitarista durante o governo de Getúlio Vargas –, não passou por
nenhuma grande obra de revitalização.
Consumida pelos anos, a
promessa de reforma foi prevista pelo Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) Cidades Históricas, do Governo Federal. A obra foi orçada em R$ 8,8
milhões e, conforme o último prazo, deveria ter sido iniciada durante o
primeiro semestre de 2017, mas, após dois anos, a situação de abandono persiste
e gera indignação naqueles que trabalham no local.
“Aqui, quando chove,
parece um chuveiro. A sujeira e o fedor também incomodam muito, faz até
vergonha dizer que é um Mercado Central. Tem dias que o feirante está
entregando o produto para o cliente e passa rato, barata, tudo quanto é
nojeira, mas não adianta reclamar. É todo tempo desse jeito e nunca ajeitam. Só
anunciam obra, mas até agora, nada”, criticou Neto Gomes,
que há mais de 30 anos vende frutas nas redondezas do mercado.
Outro problema apontado
é a insegurança. Para o feirante Raimundo Souza, que atua no Mercado Central há
cerca de meio século, a sensação de vulnerabilidade afeta as vendas e,
consequentemente, a geração de renda. “Quando o peixe acaba, no fim da manhã, o
movimento diminui e os usuários de droga tomam conta do espaço: vão para os
banheiros, transitam pelos corredores, e a gente se sente inseguro, porque o
vigilante que fica aqui só cuida do setor administrativo e por isso a gente
acaba indo embora mais cedo para não se arriscar. No mais tardar, às 14h não
tem mais ninguém aqui”, declarou.
E não apenas quem
trabalha no espaço é capaz de indicar os transtornos. Para o economista e
turista cearense, Leonardo Ferreira, a situação do Mercado Central é lamentável
e capaz de afetar, inclusive, no turismo da cidade.
“O mercado está em uma
região que tem muito potencial, mas o espaço parece um pouco malcuidado. Você
vê muita fiação exposta, sujeira, um pouco de desorganização e, comparado a
outros mercados em que já estive, deixa muito a desejar. Tem coisas legais,
produtos interessantes para levar como lembrança, mas é um lugar um pouco
insalubre. Não faz uma boa imagem para São Luís”.
A Secretaria de
Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) informou, em nota, que a Polícia
Militar, por meio do 9ºBPM, desenvolve diariamente patrulhamentos preventivos e
ostensivos na região do Mercado Central, com a realização de abordagem a
veículos e pedestres em situação suspeita. Os trabalhos de segurança contam,
ainda, com câmeras de monitoramentos do Centro Integrado de Operações de
Segurança (Ciops) localizadas nas principais vias de acesso ao mercado.
A SSP ressalta que, em
caso de eventuais delitos, as vítimas podem acionar a presença da PM por meio
do 190, fazendo-se necessário também registar o boletim de ocorrência no
distrito policial mais próximo.
Em relação ao
enfrentamento do uso de drogas, a SSP esclarece que a Secretaria Municipal de
Assistência da Criança e Assistência Social (Semcas) é responsável por
desenvolver ações no sentido de prestar oferta de tratamento e atenção aos
usuários de entorpecentes e familiares destes.
O Estado manteve
contato com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
para questionar sobre o atraso no início das obras de requalificação do Mercado
Central, mas até o fechamento desta edição, não obteve retorno. A Prefeitura de
São Luís também foi contatada para falar sobre as condições estruturais do
espaço, mas não se manifestou.
SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
Em 2014, foi assinada
uma ordem de serviço para o projeto executivo da reforma do Mercado Central,
que deveria observar as linhas arquitetônicas da reforma dos anos 1939-1940 e
objetivava tornar-se um marco de edificação dentro do elenco de obras do PAC
Cidades Históricas. Uma das medidas seria a setorização dos serviços e produtos
oferecidos pelos feirantes, o que facilitaria o acesso de consumidores aos
produtos de seu interesse. A intenção do projeto era oferecer espaço, conforto
e mobilidade para vendedores e clientes, mas até o momento, nada saiu do papel.
SOBRE
O MERCADO CENTRAL
O Mercado Central de
São Luís foi construído em 1864. 65 anos depois, em 1939, por meio de um
programa sanitarista, o prédio foi demolido e reconstruído pelo governador
Paulo Ramos. Durante muito tempo passou a se chamar Mercado Novo, devido a essa
reconstrução. No local, funcionava anteriormente, há cerca 70 anos, o antigo
gasômetro, que abastecia os postes de iluminação pública de todo centro da
cidade. Dentre as denominações que o lugar já teve, Largo do Açougue Velho,
como foi conhecido por um longo período na década de 1940, foi relacionado à
existência de um curtume que tinha vínculo com o curral municipal. Ocupando um
quadrilátero retangular entre a Rua de São João e o fim da Avenida Magalhães de
Almeida, o Mercado Central reúne cerca de 450 estabelecimentos e mantém direta
e indiretamente cerca de mil trabalhadores, gerando renda para quase duas mil e
quinhentas pessoas, que retiram do espaço sua subsistência, como flanelinhas e
carregadores de sacolas. A variedade de produtos comercializados no mercado faz
dele uma das opções mais procuradas por quem mora nos arredores e até de outras
localidades e municípios. Frutas e bebidas regionais, doces caseiros, ervas,
plantas medicinais, grãos, além de carnes, aves, peixes, mariscos, legumes,
hortaliças, artesanato em palha, couro e madeira, gaiolas, vassouras, funis,
entre outras coisas, são vendidos no espaço.
Com informações de O
estado do Maranhão, alterado pelo Blog
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